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O ALVO DE EVANGELHO

Publicado em: 06/01/2019 Autor/fonte: Harold Walker
O ALVO DE EVANGELHO

Neste início de 2019 precisamos saber o que realmente agrada a Deus e termos uma expectativa de mudanças, não nos outros, mas em nós mesmos. Para isso, quero explanar vários princípios que precisamos entender e crer acerca do verdadeiro evangelho.

1. A igreja não salva – é o evangelho que salva.

Ora, eu vos lembro, irmãos, o evangelho que já vos anunciei; o qual também recebestes, e no qual perseverais, pelo qual também sois salvos, se é que o conservais tal como vo-lo anunciei; se não é que crestes em vão. (1 Cor 15.1,2)

 

Mas, se ainda o nosso evangelho está encoberto, é naqueles que se perdem que está encoberto, nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus. (2 Co 4.3,4)

Para ser salvo eu preciso ouvir e receber o evangelho, perseverar nele e conservá-lo do jeito que ele é, não escutando evangelhos errados, pois senão irei crer em vão. Somente desta forma é certeza que eu serei salvo.

Não estou dizendo que não precisamos da igreja, pois a própria Bíblia diz: “não abandonando a nossa congregação, como é costume de alguns, antes admoestando-nos uns aos outros; e tanto mais, quanto vedes que se vai aproximando aquele dia.” (Hb 10.25). Antes da volta de Jesus haverá muitas tentações, muitas dúvidas e se não estivermos juntos com outros irmãos seremos derrotados. Todos nós precisamos uns dos outros. Ninguém é tão forte que não precise do outro. Às vezes estamos mal, “lá embaixo” e um irmão chega e nos exorta, nos levanta. Portanto, a igreja não salva, mas nos ajuda a conservar o evangelho que nos salva. Sem a igreja não conseguimos perseverar no evangelho e, por isso, precisamos dela. Por outro lado, não basta frequentarmos cultos se não perseverarmos no evangelho. Este precisa ser um evangelho correto, precisa ser conservado, sob risco de crermos em vão.

A Bíblia fala de “outro evangelho”:

Estou admirado de que tão depressa estejais desertando daquele que vos chamou na graça de Cristo, para outro evangelho, o qual não é outro; senão que há alguns que vos perturbam e querem perverter o evangelho de Cristo. (Gl 1.6,7)

Muitas igrejas em nossos dias praticam evangelhos falsos, e aqueles que creem neles serão desapontados no último dia. Por esse motivo, devemos sempre ler a Bíblia para verificar se o nosso evangelho é verdadeiro, autêntico e correto.

Porque não me envergonho do evangelho, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego. (Rm 1.16)

Fiz-me como fraco para os fracos, para ganhar os fracos. Fiz-me tudo para todos, para por todos os meios chegar a salvar alguns. (1 Co 9.22)

Ser fraco para com os fracos não significa pecar com os pecadores, mas significa não viver apenas uma imagem de religioso. Os não crentes dizem: “Ah, esse negócio de igreja, de crente não é comigo!” O crente pode e deve se fazer como eles, mas nunca pecar; pode ficar junto deles, se fazer fraco com os fracos, sempre esperando uma oportunidade para poder inserir neles a verdade do evangelho: “Essa pessoa não vai à igreja, só vai nesse tipo de lugar. Então eu vou com ele, vou fazer-me de fraco com ele para ganhá-lo para Cristo.”

Paulo não salvava ninguém, mas dizia:

 

Ora, tudo faço por causa do evangelho, para dele tornar-me coparticipante. Não sabeis vós que os que correm no estádio, todos, na verdade, correm, mas um só é que recebe o prêmio? Correi de tal maneira que o alcanceis. (1 Co 9.23)

Portanto, quem salva é o evangelho, mas as pessoas só ouvirão o evangelho se nós nos tornamos amigos delas, se formos até onde elas forem. Não vamos praticar os pecados que elas praticam, não vamos frequentar ambientes terríveis e demoníacos, mas podemos e devemos achar espaços para inserirmos nelas aquilo que irá salvá-las: o evangelho de Cristo.

 

2) Existem evangelhos falsos ou incompletos que não salvam. É possível “crer em vão”.

E nós, cooperando com ele, também vos exortamos a que não recebais a graça de Deus em vão (2 Co 6.1)

Porque estou zeloso de vós com zelo de Deus; pois vos desposei com um só Esposo, Cristo, para vos apresentar a ele como virgem pura. Mas temo que, assim como a serpente enganou a Eva com a sua astúcia, assim também sejam de alguma sorte corrompidos os vossos entendimentos e se apartem da simplicidade e da pureza que há em Cristo. Porque, se alguém vem e vos prega outro Jesus que nós não temos pregado, ou se recebeis outro espírito que não recebestes, ou outro evangelho que não abraçastes, de boa mente o suportais! (2 Co 11.2-4)

Estou admirado de que tão depressa estejais desertando daquele que vos chamou na graça de Cristo, para outro evangelho, o qual não é outro; senão que há alguns que vos perturbam e querem perverter o evangelho de Cristo. Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos pregasse outro evangelho além do que já vos pregamos, seja anátema. Como antes temos dito, assim agora novamente o digo: Se alguém vos pregar outro evangelho além do que já recebestes, seja anátema. (Gl 1.6-9)

Ó insensatos gálatas! quem vos fascinou a vós, ante cujos olhos foi representado Jesus Cristo como crucificado? Só isto quero saber de vós: Foi por obras da lei que recebestes o Espírito, ou pelo ouvir com fé? Sois vós tão insensatos? tendo começado pelo Espírito, é pela carne que agora acabareis? Será que padecestes tantas coisas em vão? Se é que isso foi em vão. (Gl 3.1-4)

Grande parte do Novo Testamento foi escrita porque muitos falsos obreiros passavam pelas igrejas ensinando coisas erradas aos crentes. Paulo e outros apóstolos viviam alertando os irmãos que havia muito mais coisas além do que lhes era pregado, que não bastava somente frequentar cultos ou realizar algumas práticas; eles tinham de combater continuamente os ensinos errados ou parciais do evangelho.

Várias cartas de Paulo foram escritas em suas prisões e graças a Deus por isso, porque se ele não estivesse preso talvez não tivesse tempo de escrevê-las. Ele não podia ir pessoalmente às igrejas e, então, lhes escrevia as cartas. Suas palavras eram fortes, incisivas, atacando e condenando os falsos obreiros e seus ensinos:

Pois os tais são falsos apóstolos, obreiros fraudulentos, disfarçando-se em apóstolos de Cristo. E não é de admirar, porquanto o próprio Satanás se disfarça em anjo de luz. Não é muito, pois, que também os seus ministros se disfarcem em ministros da justiça; o fim dos quais será conforme as suas obras. (2 Co 11.13-15)

Paulo ensinava que se ele mesmo ou até um anjo pregasse outro evangelho (mais light), deveriam ser amaldiçoados, pois o evangelho que ele havia pregado era o que realmente trazia salvação; os outros não. Portanto, qualquer coisa diferente do que a Bíblia ensina é falsa, errada, distorcida, demoníaca.

No texto de 1 Coríntios 9, Paulo afirma que abriu mão do seu direito de receber sustento para pregar o evangelho, porque queria que as pessoas cressem no verdadeiro evangelho; dizia que os falsos obreiros só visavam lucro e não praticavam a verdade. Isso porque havia muitos obreiros pregando a Palavra apenas para ganhar dinheiro (motivação errada). Eles aliviavam as cargas dos crentes ensinando um evangelho light, suave, sem implicações futuras. Ora, se naquela época já existia isso, hoje muito mais e, por isso, precisamos vigiar, nos cuidar, lutar para preservar a Palavra da verdade.

Conserva o modelo das sãs palavras que de mim tens ouvido na fé e no amor que há em Cristo Jesus; guarda o bom depósito com o auxílio do Espírito Santo, que habita em nós. (2 Tm 1.13,14)

 

3) Jesus nos livrou de ter de seguir regras e preceitos da lei para sermos salvos.

Então alguns que tinham descido da Judéia ensinavam aos irmãos: Se não vos circuncidardes, segundo o rito de Moisés, não podeis ser salvos. (…) Mas alguns da seita dos fariseus, que tinham crido, levantaram-se dizendo que era necessário circuncidá-los e mandar-lhes observar a lei de Moisés. Congregaram-se pois os apóstolos e os anciãos para considerar este assunto. E, havendo grande discussão, levantou-se Pedro e disse-lhes: Irmãos, bem sabeis que já há muito tempo Deus me elegeu dentre vós, para que os gentios ouvissem da minha boca a palavra do evangelho e cressem. E Deus, que conhece os corações, testemunhou a favor deles, dando-lhes o Espírito Santo, assim como a nós; e não fez distinção alguma entre eles e nós, purificando os seus corações pela fé. Agora, pois, por que tentais a Deus, pondo sobre a cerviz dos discípulos um jugo que nem nossos pais nem nós pudemos suportar? Mas cremos que somos salvos pela graça do Senhor Jesus, do mesmo modo que eles também. (At 15.1, 5-11)

O evangelho que Jesus e os apóstolos pregaram foi, primeiramente, ouvido pelos judeus. Todos já eram circuncidados e seguiam as leis judaicas. Eles criam, eram batizados, recebiam o Espírito Santo e viviam na igreja. Paulo, então, começou a pregar para não-judeus que começaram a se converter. Porém, ele não os obrigava a seguir os preceitos judaicos. Eles deveriam apenas crer no Senhor Jesus e ser batizados para a salvação; não precisavam fazer mais nada além disso.

No entanto, muitos irmãos judeus se escandalizavam com isso: “Ora, então eles podem fazer qualquer coisa, viver como gentios, não seguir a nossa lei, comer carne de porco etc. e mesmo assim ser salvos? Jesus disse para o aceitarmos, sermos batizados, mas nós já somos judeus, já seguimos as leis judaicas e não podemos deixá-las! Mas esses gentios que não fazem nada disso ‘vão direto para o céu’ sem precisar fazer mais nada? Não precisam circuncidar, seguir a nossa lei? Podem cortar atalho? É só crer em Jesus, ser batizado e pronto? Isso está errado!” Outros, alguns gentios, diziam: “Sim! Basta crer em Jesus, ser batizado e receber o Espírito Santo – mais nada. Jesus já perdoou todos os nossos pecados e agora somos amigo de Deus!” Mas os judeus retrucavam: “Não! Vocês têm de ser circuncidados, guardar a lei de Moisés etc.!” E, assim, aconteceu a imensa confusão e discussão que lemos no texto acima.

De repente, Pedro se levantou e trouxe um equilíbrio para a situação. Lembrando que Pedro foi o mesmo que foi relutante à casa de Cornélio e lhe pregou o evangelho (At 10), mesmo sendo ele judeu e Cornélio gentio. No entanto, vendo o Espírito Santo descer sobre todos, Pedro mudou seu coração:

Os crentes que eram de circuncisão, todos quantos tinham vindo com Pedro, maravilharam-se de que também sobre os gentios se derramasse o dom do Espírito Santo; porque os ouviam falar línguas e magnificar a Deus. Respondeu então Pedro: Pode alguém porventura recusar a água para que não sejam batizados estes que também, como nós, receberam o Espírito Santo? (At 10.45-47)

Pedro testemunhou este ocorrido diante daqueles líderes e exortou-os para que não tentassem a Deus colocando um jugo pesado sobre aqueles novos gentios convertidos. Esta foi a chave que Deus deu a Pedro. Ele disse: “Deus me escolheu, me mandou a eles, operou tudo isso que lhes contei, derramou o Espírito sobre eles. Ele mesmo mostrou que não precisa circuncidar e cumprir esta lei, porque Ele mesmo os purificou e os salvou pela graça. Aliás, nós também não somos salvos por obedecer a lei, mesmo porque não conseguimos fazê-lo direito, mas somos salvos pela graça, assim como eles. Nós fomos circuncidados, eles não; não comemos carne de porco, eles comem. Mas não tem problema, porque Deus santificou os nossos corações e também os deles. E a maior prova disso foi que o Espírito Santo desceu sobre eles, falaram em outras línguas, glorificaram a Deus, foram batizados e transformados pelo Senhor porque creram na obra de Jesus na cruz. Essa é a graça salvadora de Deus!”

Pedro disse ainda: “Por que vocês querem colocar sobre eles um jugo que nem nós e nem nossos pais conseguiram? Nós tentamos, nos esforçamos, mas não conseguimos! Como eles vão conseguir? Mas não precisa disso, pois o próprio Deus falou e demonstrou isso!”

Jesus nos livrou das regras e preceitos da lei. Ele não disse que o cristão deve ficar obedecendo regras e normas. Entenda: os dez mandamentos foram escritos em pedra, Deus nunca vai mudar de ideia, eles são válidos até hoje. Porém, nenhum homem conseguiu cumpri-los até hoje e, portanto, não é condição para salvação. Inclusive, Paulo chama isso de “ministério da morte” e da “condenação”:

E é por Cristo que temos tal confiança em Deus; não que sejamos capazes, por nós, de pensar alguma coisa, como de nós mesmos; mas a nossa capacidade vem de Deus, o qual também nos capacitou para sermos ministros dum novo pacto, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata, mas o espírito vivifica. Ora, se o ministério da morte, gravado com letras em pedras, veio em glória, de maneira que os filhos de Israel não podiam fixar os olhos no rosto de Moisés, por causa da glória do seu rosto, a qual se estava desvanecendo, como não será de maior glória o ministério do espírito? Porque, se o ministério da condenação tinha glória, muito mais excede em glória o ministério da justiça. (2 Co 3.4-9)

Ou seja, ele chama essa coisa gloriosa (as leis de Deus escritas nas tábuas de pedra) de ministério da morte, da condenação! Isso porque “a letra mata, mas o espírito vivifica”. Inclusive, ele reforça muito essa ideia nas suas cartas aos colossenses e aos gálatas:

Portanto, assim como recebestes a Cristo Jesus, o Senhor, assim também nele andai, arraigados e edificados nele, e confirmados na fé, assim como fostes ensinados, abundando em ação de graças. Tendo cuidado para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo; porque nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade, e tendes a vossa plenitude nele, que é a cabeça de todo principado e potestade, no qual também fostes circuncidados com a circuncisão não feita por mãos no despojar do corpo da carne, a saber, a circuncisão de Cristo; tendo sido sepultados com ele no batismo, no qual também fostes ressuscitados pela fé no poder de Deus, que o ressuscitou dentre os mortos; e a vós, quando estáveis mortos nos vossos delitos e na incircuncisão da vossa carne, vos vivificou juntamente com ele, perdoando-nos todos os delitos; e havendo riscado o escrito de dívida que havia contra nós nas suas ordenanças, o qual nos era contrário, removeu-o do meio de nós, cravando-o na cruz; e, tendo despojado os principados e potestades, os exibiu publicamente e deles triunfou na mesma cruz. Ninguém, pois, vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa de dias de festa, ou de lua nova, ou de sábados, que são sombras das coisas vindouras; mas o corpo é de Cristo. Ninguém atue como árbitro contra vós, afetando humildade ou culto aos anjos, firmando-se em coisas que tenha visto, inchado vãmente pelo seu entendimento carnal, e não retendo a Cabeça, da qual todo o corpo, provido e organizado pelas juntas e ligaduras, vai crescendo com o aumento concedido por Deus. Se morrestes com Cristo quanto aos rudimentos do mundo, por que vos sujeitais ainda a ordenanças, como se vivêsseis no mundo, tais como: não toques, não proves, não manuseies (as quais coisas todas hão de perecer pelo uso), segundo os preceitos e doutrinas dos homens? As quais têm, na verdade, alguma aparência de sabedoria em culto voluntário, humildade fingida, e severidade para com o corpo, mas não têm valor algum no combate contra a satisfação da carne. (Cl 2.6-23)

Ó insensatos gálatas! quem vos fascinou a vós, ante cujos olhos foi representado Jesus Cristo como crucificado? Só isto quero saber de vós: Foi por obras da lei que recebestes o Espírito, ou pelo ouvir com fé? Sois vós tão insensatos? tendo começado pelo Espírito, é pela carne que agora acabareis? Será que padecestes tantas coisas em vão? Se é que isso foi em vão. Aquele pois que vos dá o Espírito, e que opera milagres entre vós, acaso o faz pelas obras da lei, ou pelo ouvir com fé? (Gl 3.1-5)

Ele disse: “Vocês foram salvos pela graça e agora estão se firmando em regras? Não faça isso, não faça aquilo, não toque nisso, guarde tal dia… Ora, de que adianta tudo isso? Muitos que o fazem são piores do que aqueles que não fazem! Então não adianta nada! Vocês receberam a graça e estão voltando de novo para a lei? Jesus já cravou na cruz essas coisas e nos deu a graça! Não precisamos mais fazer nada disso para sermos salvos!”

Talvez, então, você possa pensar: “Puxa, mas isso é muito bom! Eu posso fazer o que eu quiser, posso pecar à vontade, afinal, Jesus já pagou pelos meus pecados!” Não! Devido à essa dúvida, entramos no quarto ponto:

 

4) Não recebemos “licença para pecar”! Recebemos poder para viver em santidade.

A graça de Deus revogou todas aquelas exigências, purificou nossos corações pela fé, derramou o Espírito Santo sobre nós, tirou toda condenação e exigência de cumprir regras – mas isso tudo não anula o que o próprio Paulo explica em sua carta aos romanos:

Sobreveio, porém, a lei para que a ofensa abundasse; mas, onde o pecado abundou, superabundou a graça; para que, assim como o pecado veio a reinar na morte, assim também viesse a reinar a graça pela justiça para a vida eterna, por Jesus Cristo nosso Senhor. Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que abunde a graça? De modo nenhum. Nós, que já morremos para o pecado, como viveremos ainda nele? Ou, porventura, ignorais que todos quantos fomos batizados em Cristo Jesus fomos batizados na sua morte? Fomos, pois, sepultados com ele pelo batismo na morte, para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida. (Rm 5.20,21; 6.1-4)

A expressão “de modo nenhum” é muito mais forte do que pensamos. É como se ele dissesse: “Você está louco? Quer dizer então que agora, porque você está na graça, pode pecar à vontade, não precisa obedecer mais a nada da lei e vai para o céu mesmo pecando? Não, de modo nenhum! Se você já morreu para o pecado, como continuará vivendo nele?” Em seguida, ele explica que quando alguém recebe a Cristo e é batizado, morre para o velho homem, para a natureza pecaminosa e renasce para uma nova vida em Cristo.

Quando nós recebemos a graça do Senhor Jesus, não recebemos uma carteira escrita: “Licença para pecar”. Recebemos, sim, o poder de Deus para vivermos uma vida muito além da lei, das regras. Recebemos uma força, um poder, um querer, um desejo, uma motivação, uma vida abundante em nós para vivermos em santidade.

Segundo a graça de Deus que me foi dada, lancei eu como sábio construtor, o fundamento, e outro edifica sobre ele; mas veja cada um como edifica sobre ele. Porque ninguém pode lançar outro fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo. E, se alguém sobre este fundamento levanta um edifício de ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, a obra de cada um se manifestará; pois aquele dia a demonstrará, porque será revelada no fogo, e o fogo provará qual seja a obra de cada um. Se permanecer a obra que alguém sobre ele edificou, esse receberá galardão. Se a obra de alguém se queimar, sofrerá ele prejuízo; mas o tal será salvo todavia como que pelo fogo. Não sabeis vós que sois santuário de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós? (1 Co 3.10-16)

Simão Pedro, servo e apóstolo de Jesus Cristo, aos que conosco alcançaram fé igualmente preciosa na justiça do nosso Deus e Salvador Jesus Cristo: Graça e paz vos sejam multiplicadas no pleno conhecimento de Deus e de Jesus nosso Senhor; visto como o seu divino poder nos tem dado tudo o que diz respeito à vida e à piedade, pelo pleno conhecimento daquele que nos chamou por sua própria glória e virtude; pelas quais ele nos tem dado as suas preciosas e grandíssimas promessas, para que por elas vos torneis participantes da natureza divina, havendo escapado da corrupção, que pela concupiscência há no mundo. E por isso mesmo vós, empregando toda a diligência, acrescentai à vossa fé a virtude, e à virtude a ciência, e à ciência o domínio próprio, e ao domínio próprio a perseverança, e à perseverança a piedade, e à piedade a fraternidade, e à fraternidade o amor. Porque, se em vós houver e abundarem estas coisas, elas não vos deixarão ociosos nem infrutíferos no pleno conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo. Pois aquele em quem não há estas coisas é cego, vendo somente o que está perto, havendo-se esquecido da purificação dos seus antigos pecados. Portanto, irmãos, procurai mais diligentemente fazer firme a vossa vocação e eleição; porque, fazendo isto, nunca jamais tropeçareis. Porque assim vos será amplamente concedida a entrada no reino eterno do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. (2 Pd 1.1-11)

Nesses textos, Paulo fala que o alicerce da fé cristã é Jesus Cristo. Quando pregamos o evangelho e alguém crê no mesmo; quando ele não crê em obras ou regras, mas só em Jesus; quando ele confia em Jesus, reconhece que não presta, que merece ir para o inferno, mas que Jesus o salvou e resgatou; quando ele crê e deseja essa salvação, essa transformação – então o Espírito Santo desce sobre esta pessoa e começa a transformar todas as áreas da sua vida. Isso se chama ALICERCE, a base sobre onde ele começará a construir sua vida cristã.

Paulo disse: “Eu lancei um alicerce, agora cada um deve saber como vai edificar sua casa, sua vida sobre ele. Se você entrou pela graça, continue permitindo que essa nova vida construa uma nova casa sobre sua vida. Permita que o Espírito Santo construa sobre esta graça. Alguém pagou sua culpa, sua pena pelos pecados; você foi solto, saiu da cadeia que vivia; agora se tornou uma nova pessoa e, portanto, deve começar a escrever, a construir uma nova história de vida.”

Assim, o alicerce é a graça e a sua vida, após esse alicerce, é o resultado da operação dessa graça. Porém, construa “ouro, prata e pedras preciosas”. Muitos creem em Jesus, recebem a graça, mas constroem “madeira, feno e palha”. Quando o fogo vier, tudo o que ele construiu irá virar cinzas. A graça de Deus veio a nós para edificarmos nossas vidas em cima da base do evangelho. Você está edificando sua casa em cima dessa base sólida, que passará pelo fogo e suportará, sobreviverá? Paulo está dizendo que não é pelas obras, pelas leis, pelas regras que seremos salvos, pois agora existe uma vida nova para nós que é recebida pela graça.

 

5) A salvação não é só receber vida eterna depois da morte. É ser reconciliado com Deus agora e andar no Espírito, guiado por ele. Não estamos “sem lei”, vivendo na anarquia. Agora temos “a lei do Espírito da vida em Cristo Jesus”.

Pelo que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo. Mas todas as coisas provêm de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Cristo, e nos confiou o ministério da reconciliação; pois que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões; e nos encarregou da palavra da reconciliação. De sorte que somos embaixadores por Cristo, como se Deus por nós vos exortasse. Rogamo-vos, pois, por Cristo que vos reconcilieis com Deus. Àquele que não conheceu pecado, Deus o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus. (2 Co 5.17-21)

Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus. Porque não recebestes o espírito de escravidão, para outra vez estardes com temor, mas recebestes o espírito de adoção, pelo qual clamamos: Aba, Pai! O Espírito mesmo testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus; (Rm 8.14-16)

Alguns pensam que basta receber um “bilhete para a vida eterna”. Não funciona assim! A salvação é um chamado para nos reconciliarmos com Deus. Precisamos aprender a reconhecer a voz de Deus e não dependermos da voz dos pastores, discipuladores, líderes de grupos. Fomos salvos e reconciliados para ouvirmos a voz do Supremo Pastor, sem intermediários. Deus coloca pessoas para nos ajudar a discernirmos a voz dele, mas não para substituí-la, para vivermos dependentes de “gurus” espirituais.

E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, como o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, aquele que tu enviaste. (Jo 17.3)

Eu e você precisamos aprender a ouvir a voz de Deus, pois quem não faz isso, quem só constrói madeira, feno e palha terá tudo isso queimado no futuro. Quem, porém, ouve a Deus, constrói ouro, prata e pedras preciosas e, quando o fogo vier, permanecerá intacto. Precisamos, sim, dos irmãos mais velhos, pois eles nos ajudam a conhecer, a discernir a voz de Deus. Mas o alvo da nossa salvação é conhecer Jesus, conhecer a pessoa do Espírito Santo e aprendermos a ouvir e reconhecer sua voz mansa e suave.

Entenda isso: o evangelho é graça e não obras! Mas entenda também que não é uma licença para você fazer o que quiser da sua vida. A graça de Deus deve levá-lo a um desejo tremendo de ser como Jesus, à uma vontade de manifestar Deus na Terra, a ficar triste quando entristecer o Espírito Santo.

Nós não fomos salvos para permanecermos apenas com o alicerce. Este foi de graça, mas agora precisamos construir em cima dele. Mas vamos cuidar em como fazê-lo. O que estamos construindo com nossas vidas, com nossos dias, horas, minutos? Devemos construir para que, no fim, nos apresentemos diante de Deus e digamos: “O Senhor me colocou neste mundo e eu fiz o que tu querias que eu fizesse.”

É isso que Deus quer de nós! Ele quer que as nossas vidas deixem marcas permanentes de Jesus; porém, não conseguimos fazer isso por nós mesmos. Nossas obras são apenas madeira, feno e palha. Somente aquilo que o Espírito nos manda fazer (e que obedecemos) é que ficará para a eternidade. Muitas dessas coisas fazemos sem saber os motivos, mas o importante é obedecermos à voz do Espírito – e é isso que permanece, que tem valor para Deus.

Por que gostamos de crianças? Porque elas não são falsas. Elas falam o que pensam, fazem o que querem. Jesus disse que temos de ser assim, como crianças. Pessoas que não ficam olhando para regras, mas que ouvem a voz interior do Espírito Santo. Esta voz é amar, perdoar, não ofender, servir e ajudar o próximo etc. Mas não fazemos essas coisas porque a Bíblia diz que devemos fazê-las e, sim, porque sentimos vontade de fazer, porque a nova vida de Cristo em nós nos leva a praticá-las.

Escute o que estou suplicando a você neste momento: NÃO LEVE EM POUCA CONTA A GRAÇA DO NOSSO SENHOR JESUS. Não fique olhando para regras, se comparando com outras pessoas. Você é único, sua tarefa é única e não de outros. Meu pai sempre nos falava de uma mensagem que havia ouvido: “Outros podem; você não.” Às vezes eu digo: “Deus, mas o outro fez isso e aquilo. Por que ele pode e eu não?” E Deus responde: “Sim, mas ele é ele e você é você! Eu não quero que você faça o mesmo!”

Nós não estamos liberados para fazer tudo o que queremos. Hoje, em vez de existir uma lei que nos impeça, nós temos o dono da lei dentro do nosso coração que diz: “E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual fostes selados para o dia da redenção.” (Ef 4.32)

Estou lendo um livro em que o autor havia jurado que não entristeceria o Espírito Santo, mas depois descobriu que tudo o que ele fazia entristecia a ele. Qualquer coisinha errada que ele fizesse, sentia que o Espírito se afastava dele. Isso porque o Espírito não é uma pessoa que impõe, que obriga, que força. Ele é uma pomba e, por isso, facilmente se afugenta. Se você quer a presença dele em sua vida deve ficar muito sensível e se perguntando a cada instante: “Será que eu o ofendi? Será que ele quer isso? Será que ele gostou ou não disso? Será que ele está triste ou feliz com isso?” A Bíblia chama isso de “a lei do espírito da vida, em Cristo Jesus” (Rm 8.2)

Eu não preciso fazer o que os outros fazem, mas preciso fazer o que o Espírito Santo mandou eu fazer. Ananias e Safira, por exemplo (At 5), morreram porque mentiram ao Espírito, dizendo que haviam dado todo o valor do campo que haviam vendido. Pedro lhes disse que eles não precisavam ter vendido e nem dado nada. E, se quisessem dar, que não precisavam dar tudo. No entanto, eles mentiram, quiseram se mostrar mais santos do que os outros, demonstrar uma aparência de crentes dedicados e despojados. Mas não foi assim e, por isso, morreram.

Entenda: o que Deus pede de você Ele não pede de outros. As ordens dele são pessoais, porque você é único. Talvez outros possam, mas você não. Meu pai tinha seis filhos. Às vezes, ele dava algo para um e não dava para os outros. Imagine como ficavam! “Você deu para ele e não deu para mim!” E ele dizia: “Sim! Você é meu filho e eles também são meus filhos. Mas hoje é a hora dele e outro dia será a sua. Não tem de ser igual, democrático. Cada um nasceu em um ano diferente, há homens e mulheres… Eu amo a todos por igual, mas cada um é diferente do outro. Não meça meu amor alegando que faço distinções, pois para cada um meu amor se manifesta de forma diferente.”

O Espírito Santo tem ciúmes de nossas vidas. Todas as vezes que você não vai para o quarto orar, ler a Bíblia e buscar a vontade dele, Ele não vai lhe amaldiçoar ou tirar sua benção, mas ficará triste. Talvez você não se interessou por Ele ou pela opinião dele naquele dia, talvez você queira viver sua própria vida e só recorra a Ele quando tiver problemas etc. Deus não vai lhe castigar por isso, mas ficará triste, e a Bíblia diz que não devemos entristecê-lo.

E não vos embriagueis com vinho, no qual há devassidão, mas enchei-vos do Espírito… (Ef 5.18).

Como podemos fazer isso? Se eu quero construir ouro, prata e pedras preciosas, isso só vem de ouvir a voz do Espírito. Eu preciso que a vida do Espírito esteja fluindo continuamente em meu interior, caso contrário, não vou escutar, não vou saber o que fazer. Mas não existem mais regras, leis ou normas para isso. Agora é algo pessoal, direto. Quando Deus lhe diz: “Visite fulano” ou “ajude beltrano”, Ele quer que você faça isso, independentemente de outros fazerem ou não o mesmo. Portanto, não olhe para os outros. Olhe para o poder de Deus dentro de você e obedeça a voz dele.

…falando entre vós em salmos, hinos, e cânticos espirituais, cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração, sempre dando graças por tudo a Deus, o Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, sujeitando-vos uns aos outros no temor de Cristo. (Ef 5.19-21)

A palavra de Cristo habite em vós ricamente, em toda a sabedoria; ensinai-vos e admoestai-vos uns aos outros, com salmos, hinos e cânticos espirituais, louvando a Deus com gratidão em vossos corações. (Cl 3.16)

Nós precisamos do Espírito e da Palavra! Eu já li a Bíblia incontáveis vezes, mas preciso ler cada vez mais, pois minha mente é atacada continuamente com pensamentos contrários a Deus. Vivo rodeado por dentro e por fora por pensamentos que me oprimem e deprimem, que querem me derrubar. Por isso eu preciso da Palavra. Às vezes eu não entendo quase nada do que leio, mas sinto o frescor de uma mente diferente da minha. Eu leio Paulo e todos os outros passando por imensas lutas e mesmo assim falando de coisas espirituais, celestiais, vivendo completamente para o Senhor… Tudo isso me anima, renova e fortalece muito. É maravilhoso ler a Bíblia e deixar os pensamentos de Deus entrar em nossas mentes e nos proteger, guardar, renovar, fortalecer.

O que estou dizendo não é algo difícil ou impossível de fazer, mas é simples: receba a graça, não se justifique pelas obras da lei, se encha do Espírito e obedeça a voz do Espírito Santo. Seja uma pessoa radical. O Espírito traz alegria, paz, segurança. Você pode estar no meio de uma luta imensa, de uma grande confusão, mas quando está dentro da vontade de Deus, quando sabe que está obedecendo a Ele, que está fazendo o que Ele lhe mandou fazer, então terá paz, fé, tranquilidade. Se Ele quiser que você morra hoje, assim será. Você não pode desejar viver mais do que Ele quer que você viva, então não precisa ter medo de nada. Se você estiver onde Deus lhe mandar estar, estará em paz.

Este é o sinal para você saber que está obedecendo a voz do Espírito: sentir paz! Você não está correndo atrás dos seus alvos ou projetos pessoais, não está lutando para alcançar seus sonhos. Descubra quais são os sonhos de Deus para sua vida e busque isso. O meu sonho é chegar na presença de Deus e Ele olhar para mim e dizer: “Bem feito! Você fez o que eu queria que você fizesse!” Não tenho outro sonho além deste. Será trágico chegar diante de Deus e Ele falar: “Você está salvo porque creu em Jesus, mas você não fez o que eu queria que fizesse!”

Eu sei que por muitos anos na minha vida eu não fiz o que Deus queria que eu fizesse. Todos nós somos assim, mas a cada ano Ele nos dá novas chances. Deus não tem miséria com isso. Perdemos muitas horas, dias e anos deixando de fazer a vontade dele; ele queria que fizéssemos tantas coisas e não fizemos. Mas Deus tem uma vida de muitos dias, de muitos anos e Ele sempre renova nossas chances. Não precisamos viver nos lastimando pelo tempo passado, mas olharmos para Ele e clamar: “Deus, eu quero ouvir a tua voz em meu coração; eu quero obedecer a ti; eu quero ter paz e alegria no Espírito Santo; eu quero que a minha vida seja revestida de prata, ouro e pedras preciosas; eu quero construir a minha casa em cima do alicerce do evangelho, da tua Palavra.” Amém!

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